
Apesar do frio intenso, o mês chegou trazendo dados quentes, mudanças no cenário imobiliário e até leilão à luz de velas, assim como nos filmes.
Se você gosta de acompanhar as movimentações do setor, dos indicadores econômicos ao luxo inusitado de uma mansão francesa, você vai querer ler este artigo!
O destaque vai para o IGP-M de junho, que registrou queda de 1,67% e acendeu o alerta para quem trabalha com contratos indexados ao índice.
Além disso, o Censo revelou que Santa Catarina lidera a migração no país, passando na frente de destinos óbvios como São Paulo e Rio de Janeiro, já o mercado de Salvador bateu recordes e uma incorporadora chinesa quase usou obras de Picasso e Warhol como garantia de empréstimo.
E sim, teve até propriedade de Karl Lagerfeld leiloada com o tempo marcado por velas (sim, você não leu errado).
Assuntos que você irá encontrar:
- SC lidera migração e SP e RJ têm saldo negativo, aponta Censo;
- IGP-M de junho tem queda de 1,67% e pressiona preços para baixo;
- Mansão de Karl Lagerfeld é leiloada à luz de velas por R$ 29,5 milhões;
- Mercado imobiliário de Salvador cresce e bate recordes de vendas;
- Incorporadora chinesa tenta crédito com arte de Picasso e Warhol.
SC lidera migração e SP e RJ têm saldo negativo, aponta Censo
Você já pensou em largar tudo e recomeçar a vida em outro estado? Pois é, muita gente deixou o medo de lado e fez isso nos últimos anos.
Segundo dados do Censo 2022, divulgados pelo IBGE na última semana, quase 20 milhões de brasileiros vivem hoje em um estado diferente daquele em que nasceram.
E esse movimento populacional está mudando o mapa das cidades mais procuradas para morar.
O que chamou atenção nos dados mais recentes do IBGE foi um movimento inédito, em que Santa Catarina liderou o ranking nacional de ganho populacional via migração, entre 2017 e 2022.
Sim, você não leu errado, o estado desbancou gigantes históricos como São Paulo e Rio de Janeiro, que pela primeira vez registraram saldos migratórios negativos.
Santa Catarina na liderança: mais qualidade de vida, mais migração
Entre 2017 e 2022, Santa Catarina recebeu mais de 354 mil novos moradores, o equivalente a 4,66% da sua população total. O estado se tornou o principal destino de quem decidiu mudar de vida. Por quê?
A resposta passa por fatores como dinamismo econômico, polos industriais consolidados e uma qualidade de vida percebida como superior.
Segundo especialistas, o modelo produtivo do estado, com forte presença da agroindústria e serviços ligados a ela, contribui para atrair profissionais de diversas regiões.
Na prática, isso se traduz em histórias de pessoas em busca de uma rotina mais equilibrada que, apesar do custo de vida alto, preferem a sensação de segurança e a qualidade do serviço público à vida agitada das grandes capitais.
São Paulo e Rio perdem população pela primeira vez
Enquanto isso, São Paulo, que sempre foi o grande polo de atração migratória do Brasil, viu mais gente indo embora do que chegando.
Foram 736 mil pessoas vindas de outros estados e 826 mil saindo, resultando em um saldo negativo de 90 mil pessoas - algo inédito desde que o IBGE começou a medir a migração por data fixa, em 1991.
O Rio de Janeiro teve uma perda ainda maior, com 165 mil pessoas a menos, principalmente para estados vizinhos como São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo.
Esses dados indicam uma desconcentração econômica e populacional. O custo de vida alto, a dificuldade de inserção no mercado de trabalho e a qualidade de vida nas grandes metrópoles estão fazendo com que muitos brasileiros repensem onde e como querem viver.
Além disso, outros estados também se destacaram na migração interna no Brasil. Goiás, por exemplo, aparece como o segundo estado com mais residentes nascidos fora da região, com 2 milhões de pessoas.
Já Tocantins foi o único estado da Região Norte com saldo migratório positivo.
Bahia e Minas Gerais são os estados que mais “exportaram” população historicamente, cerca de 3,4 e 3,5 milhões de pessoas nascidas nesses estados moram em outras regiões do Brasil.
Para entender esses fluxos, o IBGE utiliza o critério de data fixa, que analisa onde cada pessoa morava exatamente cinco anos antes do Censo.
Ou seja, se alguém mudou de estado nesse intervalo (entre 2017 e 2022), isso entra nas estatísticas como migração interna.
É um método que permite identificar tendências mais recentes, como o enfraquecimento da atração das grandes capitais e o fortalecimento de centros urbanos médios e menores.
IGP-M de junho tem queda de 1,67% e pressiona preços para baixo
O IGP-M de junho surpreendeu a todos com uma queda de 1,67%, reforçando a tendência de desaceleração já vista em maio, quando o índice havia recuado 0,49%.
Com esse novo resultado, o indicador acumula baixa de 0,94% no ano e alta de 4,39% nos últimos 12 meses, segundo dados divulgados pela FGV Ibre.
Se a gente voltar um ano no tempo, o cenário era bem diferente. Em junho de 2024, por exemplo, o índice tinha subido 0,81%, com alta acumulada de 2,45% em 12 meses.
A mudança no comportamento do IGP-M tem tudo a ver com o cenário de oferta e demanda de commodities, especialmente os preços ao produtor.
O número de junho ficou abaixo das projeções de mercado, visto que analistas esperavam uma queda de cerca de 1%, mas o índice caiu ainda mais, fora do intervalo previsto, que ia de -1,15% a -0,35%.
No acumulado de 12 meses, o IGP-M também surpreendeu, ficando abaixo da mediana de 5,1%.
Mas afinal, o que puxou essa baixa toda?
Produtos agropecuários lideram a queda no IPA
O principal responsável pela retração do IGP-M foi o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que despencou 2,53% em junho.
Para comparação, em maio a queda havia sido de 0,82%. De acordo com a FGV, 21 dos 27 itens agropecuários analisados registraram recuo, resultado do avanço das safras, que aumentaram a oferta e pressionaram os preços.
Se olharmos os diferentes estágios de produção:
- Bens finais caíram 0,54%, revertendo a alta de 0,61% de maio;
- Bens intermediários tiveram queda de 1,30%, acelerando em relação ao mês anterior (-0,33%);
- Matérias-primas brutas tiveram a maior queda: -4,68%, após recuo de 2,06% em maio.
E no varejo, os preços também recuaram?
Sim, de certa forma. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu 0,22% em junho, mas a alta foi mais tímida que a registrada em maio (0,37%).
O grande destaque foi a categoria Alimentação, que reverteu a tendência de alta e caiu 0,19%, muito por conta dos alimentos in natura.
Outros grupos que desaceleraram:
- Saúde e cuidados pessoais: de 0,79% para 0,24%;
- Despesas diversas: de 0,82% para 0,06%;
- Transportes: de 0,09% para 0,06%;
- Habitação: de 0,71% para 0,67%;
- Vestuário: de 0,47% para 0,43%.
Do lado das altas, se destacaram:
- Educação: de -0,60% para +0,39%;
- Comunicação: de -0,58% para +0,19%.
Construção civil segue pressionada pela mão de obra
Já no setor da construção, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) avançou 0,96% em junho, bem acima dos 0,26% registrados em maio. O principal motivo? Os reajustes salariais.
Confira como ficaram os componentes:
- Mão de obra: de 0,72% para expressivos 2,12%;
- Serviços: de 0,40% para 0,74%;
- Materiais e equipamentos: inverteram a tendência de queda (-0,12%) para uma leve alta (+0,06%).
Para quem atua no mercado imobiliário, com o IGP-M em queda, os contratos de aluguel indexados a esse indicador tendem a sofrer reajustes menores ou até negativos.
Dessa forma, isso pode gerar oportunidades de renegociação e maior atratividade para novos contratos, especialmente em um cenário de competição crescente por inquilinos.
Além disso, a pressão de custos na construção civil reforça a importância de um bom planejamento financeiro, principalmente para empresas do setor ou incorporadoras.
Mansão de Karl Lagerfeld é leiloada à luz de velas por R$ 29,5 milhões

Já imaginou morar em uma casa onde viveu um dos maiores e mais icónicos nomes da moda mundial?
Pois é exatamente isso que está prestes a acontecer com a mansão de Karl Lagerfeld, antigo diretor de criação da consagrada Chanel, localizada a cerca de 20 km de Paris.
O imóvel, que é uma verdadeira joia neoclássica, foi leiloado na última terça-feira (2), seguindo um método tradicional francês que parece saído de um romance histórico: o famoso leilão à luz de velas.
Conhecida como Villa Louveciennes, a mansão do século XIX possui impressionantes 600 m² de área construída, distribuídos em um terreno arborizado de dois hectares.
O imóvel já foi lar de nomes ilustres como o poeta Leconte de Lisle e membros da influente família Rothschild, antes de ser adquirido pelo estilista em 2010.
Karl morou na casa até sua morte, em 2019. Em 2023, o imóvel foi comprado por uma empresa imobiliária, que preservou a essência estética deixada por Lagerfeld.
Agora, ela volta ao mercado com preço inicial de 4,635 milhões de euros, algo em torno de R$29,5 milhões na cotação atual.
A mansão reflete o espírito de seu antigo dono. Ou seja, luxuosa, elegante e discreta.
Renovada com atenção aos detalhes, ela combina a imponência da arquitetura neoclássica com o toque refinado do designer que revolucionou marcas como Chanel, Fendi e sua própria grife.
Leilão à moda antiga (literalmente)
O destaque curioso desse processo está na forma como a venda será conduzida: um leilão notarial tradicional francês, conhecido como “à la chandelle”, ou “à luz de velas” em um bom português.
Nele, o tempo de lances é determinado pela queima de duas pequenas velas, cada uma com cerca de 15 segundos de duração.
Essa é uma técnica centenária ainda preservada em algumas regiões da França e que traz um ar quase poético ao processo de compra.
Essa venda acontece após uma série de leilões que envolveram outros bens do estilista.
Em março de 2024, por exemplo, seu antigo apartamento no quai Voltaire, em Paris, foi arrematado por 10 milhões de euros, o dobro do preço estimado, um imóvel futurista com três quartos, 260 m² e um closet de mais de 50 m².
Propriedades com alma, como a mansão de Karl Lagerfeld, têm se destacado cada vez mais no mercado imobiliário de alto padrão.
Elas carregam mais do que luxo, entregam experiências únicas, memória afetiva e valor simbólico. E tudo isso tem um preço - e um público disposto a pagar por ele.
Se você atua no segmento de imóveis de luxo ou quer se inspirar para apresentar diferenciais marcantes aos seus clientes, vale a pena acompanhar de perto esse tipo de movimentação no mercado internacional.
Mercado imobiliário de Salvador cresce e bate recordes de vendas
Quem está de olho no mercado imobiliário de Salvador tem bons motivos para comemorar.
Segundo pesquisa da Ademi-BA em parceria com a Brain Inteligência Estratégica, os imóveis na capital baiana valorizaram, em média, 12,7% nos últimos 12 meses, um desempenho que supera com folga a inflação do período.
E o ritmo segue acelerado! Só em abril de 2025, os preços subiram 3,2% em relação ao mesmo mês do ano anterior.
O segmento de alto padrão, especialmente as unidades com quatro dormitórios, puxou esse crescimento, com valorização de 15,1% no acumulado de 12 meses.
Atualmente, o valor do metro quadrado em Salvador varia bastante conforme o padrão do imóvel. No setor econômico é possível encontrar imóveis com o m² a partir de R$ 6.432 e no super luxo, os valores podem chegar a R$17.330 por m².
Enquanto isso, na Região Metropolitana, os preços ficam entre R$5.137 e R$15.189.
No entanto, se por um lado os imóveis de luxo puxam a valorização, por outro, quem tem dominado os lançamentos e vendas são os imóveis compactos e de médio padrão.
As unidades compactas, queridinhas de investidores, saltaram de 18% para 32,4% dos lançamentos em abril, na comparação entre 2024 e 2025.
Já os imóveis de médio padrão responderam por 44,1% das vendas no mês, contra apenas 17,7% no mesmo período do ano anterior.
Esses dados indicam uma mudança clara no comportamento do consumidor e abrem oportunidades para incorporadoras e imobiliárias ajustarem seus portfólios.
VGV dispara e atinge recorde histórico
Nos últimos 12 meses, o Valor Geral de Vendas (VGV) em Salvador atingiu nada menos que R$5,7 bilhões, mais que o dobro do registrado no período anterior (R$2,5 bilhões). Um crescimento de impressionantes 127,7%.
Os bairros com maior volume de vendas até abril deste ano foram:
● Pituba – 11%
● Jardim Santa Tereza – 11%
● Costa Azul – 9,8%
Áreas com localização estratégica, infraestrutura urbana e forte valorização têm concentrado boa parte da movimentação do mercado.
Incorporadora chinesa tenta crédito com arte de Picasso e Warhol

Em um cenário cada vez mais criativo - ou maluco - para captar recursos, uma tradicional família do setor imobiliário de Hong Kong está testando os limites dos empréstimos garantidos por obras de arte.
A protagonista dessa história é a família por trás do Parkview Group, dona de uma das maiores coleções de arte da cidade e proprietária de empreendimentos residenciais e comerciais em Hong Kong, China continental, Japão e outros países da Ásia.
Segundo informações da Bloomberg, o grupo chegou a negociar um empréstimo com a Sotheby’s, uma das mais renomadas casas de leilão do mundo, usando como garantia uma coleção que inclui nomes de peso como Andy Warhol, Pablo Picasso, Salvador Dalí e artistas chineses renomados, como Yue Minjun e Zao Wou-Ki.
Apesar do valor estimado das mais de 200 obras, as negociações não avançaram. O motivo? Dificuldades logísticas, entre elas, o transporte e armazenamento das peças nos depósitos da Sotheby’s.
A empresa afirmou que houve conversas iniciais, mas negou intenção de seguir com o processo. A Sotheby’s, por sua vez, preferiu não comentar.
Mesmo sem sucesso, o movimento do Parkview ilustra um fenômeno crescente no mundo dos investimentos: usar arte como colateral para acesso a crédito.
Essa alternativa é cada vez mais comum entre colecionadores e famílias de alto patrimônio que desejam liquidez sem se desfazer de suas obras.
Arte como ativo financeiro
Esse tipo de operação tem ganhado força globalmente. A própria Sotheby’s já ultrapassou US$1,6 bilhão em crédito concedido com lastro em obras de arte desde 2021.
Em 2023, a empresa inclusive lançou seu primeiro título de dívida garantido por esses ativos, uma forma de captar recursos de empréstimos feitos a colecionadores privados.
Além da Sotheby’s, bancos como HSBC e Citigroup também oferecem crédito com garantia em ativos alternativos, incluindo arte e até mesmo imóveis.
O interesse por esse tipo de crédito também reflete um contexto de pressão financeira crescente.
O Parkview quase enfrentou um calote técnico em março, relacionado a um empréstimo de US$ 940 milhões com vencimento em agosto, cujo colateral é um complexo comercial em Pequim.
A empresa também vem tentando levantar recursos de outras formas. No mês passado, obteve HK$300 milhões (US$38 milhões) junto à gestora PAG.
Desde o fim de 2024, negocia com credores privados para captar pelo menos HK$2,8 bilhões, oferecendo dois edifícios residenciais como garantia.
Portanto, o caso do Parkview serve de alerta. Em outras palavras, os empréstimos garantidos por obras de arte são promissores, mas enfrentam limites práticos, como logística, liquidez e avaliação de risco.
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