
O mercado imobiliário brasileiro segue cheio de novidades e oportunidades, e entender as mudanças recentes é essencial para quem quer se manter à frente.
No artigo de hoje, vamos destacar o crescimento do aluguel por temporada, novas linhas de crédito para imóveis, a recente limitação no saque-aniversário do FGTS e as vantagens das holdings imobiliárias.
Essas mudanças não só afetam a maneira como os imóveis são comprados, vendidos e financiados, mas também abrem novas oportunidades para quem está atento às tendências.
Seja você investidor, corretor ou gestor imobiliário, acompanhar essas tendências ajuda a tomar decisões mais estratégicas e planejar melhor o futuro da sua carteira de imóveis e oferecer soluções mais seguras e rentáveis para seus clientes.
Portanto, se você quer saber como essas alterações impactam sua estratégia no mercado, continue lendo e fique por dentro dos principais pontos.
Assuntos que você irá encontrar:
- Aluguel de temporada cresce no Brasil e atrai investidores;
- Governo lança linha de crédito para imóveis com uso da poupança;
- Mudanças no saque-aniversário do FGTS trazem previsibilidade ao setor;
- Holding imobiliária pode economizar até R$15 mil por ano em impostos;
- Loteamentos urbanos enfrentam desordem por falta de apoio público.
Aluguel de temporada cresce no Brasil e atrai investidores
Investir em imóveis para alugar sempre foi uma forma popular de gerar renda passiva no Brasil, no entanto, nos últimos anos, esse modelo ganhou um novo formato: o aluguel por temporada.
Com o crescimento do trabalho remoto e a busca por experiências diferentes da hotelaria tradicional, a prática deixou de ser exclusiva do litoral e se espalhou por diversas cidades do país.
Um levantamento da Brain Inteligência Estratégica mostra que a participação do aluguel de temporada já representa 7% em Florianópolis, 6,3% em Curitiba, 5,6% em Porto Alegre, 3,7% em São Paulo e 2,8% em Recife.
Globalmente, o Airbnb contabiliza 5 milhões de anfitriões e mais de 2 bilhões de hóspedes atendidos, com US$300 bilhões pagos a proprietários e US$13 bilhões em impostos recolhidos. O Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking mundial de anfitriões.
O potencial de retorno também atrai investidores. Um estudo da FGV em parceria com o QuintoAndar mostrou que a rentabilidade média do aluguel residencial nas grandes cidades chegou a 19,1% ao ano, considerando valorização do imóvel e ganhos com aluguel.
Apesar do crescimento, o financiamento para imóveis de temporada ainda não é amplamente oferecido pelos bancos tradicionais.
Por isso, para investidores individuais, o aluguel por temporada pode ser mais lucrativo, mas também mais arriscado que o modelo tradicional.
Além do aluguel, é necessário considerar custos recorrentes como condomínio, IPTU, internet, limpeza e manutenção a cada saída de hóspedes, além de taxas de plataformas e impostos.
A localização é outro fator crucial. Enquanto cidades como Florianópolis, por exemplo, ainda têm alta demanda, outras regiões podem estar saturadas.
Estratégias como diversificação do portfólio e o modelo híbrido, que combina temporada e contratos de longo prazo, ajudam a reduzir riscos e garantir retorno consistente.
Governo lança linha de crédito para imóveis com uso da poupança
Na última sexta-feira (10), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou do lançamento de um novo modelo de crédito imobiliário em São Paulo.
A iniciativa promete modernizar o uso da poupança para financiar imóveis, tornando o processo mais eficiente e ampliando a oferta de crédito habitacional.
A expectativa é injetar pelo menos R$20 bilhões no mercado, com recursos vindos principalmente de bancos públicos como a Caixa, mas podendo crescer caso instituições privadas também participem.
As mudanças no direcionamento da poupança deverão ser aprovadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e incluirão um período de teste de um ano, em modelo híbrido, para reduzir resistências do mercado.
Além do crédito, Lula apresentará um novo programa de reforma de moradias, com três faixas de renda:
- Faixa 1: famílias com até R$3,2 mil de renda, com juros de 1,17% ao mês.
- Faixa 2: famílias entre R$3,2 mil e R$9,6 mil, com juros de 1,95% ao mês.
- Faixa 3: renda acima de R$9,6 mil, com taxas de mercado.
O programa promete facilitar o acesso à casa própria e reformar imóveis, atendendo a diferentes perfis de renda, com expectativa de liberação da linha de crédito na Caixa ainda em outubro.
Mudanças no saque-aniversário do FGTS trazem previsibilidade ao setor
Com a recente limitação na antecipação das parcelas do FGTS, o fundo ganha estabilidade, fortalecendo a sustentabilidade para habitação e infraestrutura.
Para especialistas, essa medida corrige distorções. Antes, a antecipação permitia que parte do dinheiro destinado a financiar moradias fosse redirecionado para consumo, gerando instabilidade orçamentária.
Ou seja, o saque-aniversário, quando antecipado, direcionava recursos que deveriam financiar habitação e saneamento para outros fins.
Agora, os trabalhadores ainda poderão acessar o saque-aniversário, mas dentro de limites:
- Mínimo de R$100 e máximo de R$500 por parcela, com possibilidade de antecipar até cinco saques por ano, totalizando R$2.500.
Essa regra entra em vigor em 1º de novembro, dando tempo para que a Caixa adapte seus sistemas.
Para o setor imobiliário, a medida significa mais longevidade para o FGTS e segurança para o financiamento de moradias, principalmente para famílias de baixa renda.
Além disso, alternativas como o crédito consignado continuam disponíveis, permitindo acesso a recursos com taxas melhores e sem comprometer a função principal do FGTS.
Com essa correção, a expectativa é que o saque-aniversário mantenha sua utilidade sem prejudicar o financiamento habitacional, atendendo o déficit de cerca de 6 milhões de moradias no país, um dos maiores desafios do setor.
Holding imobiliária pode economizar até R$15 mil por ano em impostos

Se você tem imóveis e recebe uma boa renda de aluguel, já pensou em criar uma holding imobiliária?
Esse tipo de empresa familiar é uma estratégia poderosa para organizar o patrimônio, economizar impostos e ainda simplificar a sucessão entre gerações.
Segundo um levantamento da Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar), transferir três imóveis de R$1 milhão cada para uma holding pode gerar uma economia líquida de cerca de R$14.706 por ano, considerando a tributação pelo Lucro Presumido.
Além de reduzir os impostos, a holding facilita a gestão dos imóveis. Com os ativos controlados por cotas societárias, a família ganha mais previsibilidade e proteção contra disputas internas.
Para ter uma ideia, quando os imóveis estão no CPF, os custos de sucessão podem passar de R$480 mil, incluindo ITCMD, honorários e custas processuais.
O investimento inicial para criar a holding gira em torno de R$123,5 mil, que se paga em cerca de oito anos só com a economia nos impostos.
Facilidade na sucessão
Além da economia fiscal, a holding simplifica a sucessão. Diferente dos imóveis no CPF, que exigem inventário judicial ou extrajudicial, na holding a transferência é feita via cotas.
É possível doar imóveis em vida e utilizar cláusulas como usufruto, garantindo uma passagem tranquila do patrimônio para a próxima geração.
Ou seja, o ideal é escolher o tipo de holding alinhado aos objetivos da família e à realidade financeira, evitando misturar contas pessoais com empresariais.
Dessa forma, famílias que querem apenas proteger os bens podem optar por holdings patrimoniais, com custo inicial de cerca de R$30 mil, evitando ITBI.
Já quem pretende explorar os aluguéis pode se beneficiar de uma holding operacional, com tributação mais favorável, contratos formalizados e emissão de notas fiscais.
Portanto, transparência e equidade são essenciais para alinhar expectativas dos herdeiros e manter o negócio funcionando.
Criar conselhos de família e comitês de gestão ajuda a separar questões pessoais das decisões patrimoniais, garantindo que a holding opere de forma organizada e eficiente.
Loteamentos urbanos enfrentam desordem por falta de apoio público
Os loteamentos urbanos surgem a partir da divisão de terras, muitas vezes áreas que deixaram de ter uso rural, promovida por empresas privadas.
Esses empreendimentos deram origem a bairros completos, com casas, comércios, ruas, escolas e praças.
Curiosamente, apenas cerca de 20% das áreas urbanizadas no Brasil foram planejadas diretamente pelo Estado, segundo dados da Aelo (Associação das Empresas de Loteamento Urbano).
O problema central é que, historicamente, o poder público nunca atuou como parceiro das empresas nesse processo.
O resultado? Muitas cidades brasileiras ainda enfrentam ocupações irregulares, áreas de risco, falta de infraestrutura básica e, em alguns casos, até favelização.
A história dos loteamentos em São Paulo mostra bem essa dinâmica. Nos anos 70, empresas promoviam loteamentos populares e incentivavam a autoconstrução das casas.
Ou seja, terrenos eram vendidos e insumos para construção eram doados e, consequentemente, muitas famílias conseguiam construir suas casas aos poucos, em parcelas pequenas.
Com o tempo, leis municipais passaram a exigir que os loteamentos oferecessem infraestrutura mínima, como calçamento, água, luz, asfalto e sistema de esgoto.
Como o financiamento por meio do FGTS não estava disponível para compra de lotes, o custo dos terrenos aumentou, tornando o acesso mais difícil para famílias de menor poder aquisitivo.
Hoje, um lote popular dificilmente sai por menos de R$800 a R$900 por mês, o que limita o acesso e força a busca por programas habitacionais ou até ocupações irregulares.
Agora, o grande desafio é equilibrar o desenvolvimento urbano com políticas públicas eficazes.
Assim, a legislação equivocada e a falta de subsídios empurraram a responsabilidade para a iniciativa privada, causando desordenamento urbano, mesmo quando os bairros se tornaram zonas organizadas.
Especialistas defendem que a solução passa por uma maior convergência entre setor privado e administração pública.
Programas de autoconstrução assistida e financiamento de lotes, dentro de políticas como o Minha Casa, Minha Vida, poderiam ampliar o acesso e tornar o processo mais justo.
O consenso é que, para que os loteamentos cumpram seu papel social e urbano, é preciso planejamento, investimento público e colaboração com o setor privado.
Só assim será possível criar bairros estruturados, acessíveis e preparados para o crescimento sustentável das cidades brasileiras.
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