
Se tem uma coisa que não dá para ignorar no mercado imobiliário brasileiro é a força das transformações que estão acontecendo.
O aluguel em Florianópolis, por exemplo, acompanhou a tendência nacional de alta nos preços. Mas, se engana quem pensa que a maior valorização foi nas badaladas praias da ilha.
O bairro com o aluguel mais caro na capital catarinense fica no Continente, bem longe de qualquer sinal de água e areia.
Enquanto isso, a Caixa Econômica voltou atrás em uma decisão que vinha travando muitos financiamentos, cidades brasileiras registram mais imóveis do que moradores, e a Holanda mostra que o futuro da moradia pode estar, literalmente, flutuando sobre a água.
Neste artigo, preparamos um panorama completo das principais movimentações do setor para te manter informado sobre as novidades do mercado imobiliário.
Assuntos que você irá encontrar:
- Caixa volta a permitir mais de um financiamento ao mesmo tempo;
- O que explica cidades com mais casas do que pessoas no país?
- Imóveis e bem-estar: o que define prosperidade no Brasil;
- Holanda aposta em bairros flutuantes como ação contra enchentes;
- Bairro fora da Ilha lidera valorização do aluguel em Florianópolis.
Caixa volta a permitir mais de um financiamento ao mesmo tempo
A Caixa Econômica Federal voltou a liberar a contratação de mais de um financiamento imobiliário simultaneamente pelo SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), um dos principais motores do crédito habitacional no país.
Essa possibilidade estava suspensa desde novembro de 2024, quando o banco criou uma regra que impedia clientes com financiamento ativo, incluindo seus cônjuges, mesmo com regimes de casamento separados, de assumir um novo crédito imobiliário na instituição.
Durante os 13 meses em que a restrição esteve em vigor, a Caixa tentou equilibrar a difícil equação de muita demanda por financiamento, pouco recurso disponível no SBPE.
Como o sistema é abastecido principalmente por depósitos de poupança, a redução dos saldos deixou o banco com menos fôlego para atender a procura crescente.
Agora, com a retomada da possibilidade de contratar mais de um financiamento, o banco afirma que a mudança atende ao mercado e amplia as oportunidades tanto para famílias quanto para investidores.
Mas afinal, como funciona o financiamento pelo SBPE?
● O saldo devedor é corrigido pela Taxa Referencial (TR);
● Os juros começam em 10,99% ao ano;
● O prazo pode chegar a 420 meses (35 anos).
É um dos modelos mais comuns para quem busca crédito habitacional tradicional no país.
Por que a regra mudou agora?
A liberação faz parte de um pacote de medidas do governo, anunciado em outubro, com foco em estimular o crédito imobiliário e aquecer o setor da construção civil. Entre as ações também estão:
- O aumento do limite de financiamento no SBPE e no SFH;
- As mudanças nas regras de compulsórios do Banco Central;
- A ampliação do uso do FGTS para imóveis no SFI.
Na prática, a mudança devolve ao comprador e ao investidor a flexibilidade que existia antes de 2024, algo bem importante para quem busca ampliar patrimônio, adquirir um segundo imóvel ou diversificar investimentos no mercado imobiliário.
O que explica cidades com mais casas do que pessoas no país?
O Brasil sempre foi um país onde a casa própria ocupa o centro dos sonhos, mas, nos últimos anos, esse ideal começou a mudar de forma curiosa. Agora, existem cidades brasileiras que já têm mais imóveis do que moradores.
E esse fenômeno, que parece estranho à primeira vista, tem explicações que passam por economia, turismo, envelhecimento populacional e até mudanças de comportamento.
Um levantamento recente mostrou que cidades pequenas e médias, especialmente as litorâneas e turísticas, concentram uma quantidade impressionante de imóveis usados apenas como segunda residência ou para aluguel de temporada.
Em alguns municípios, quase metade das casas ficam vazias durante boa parte do ano. Isso cria um cenário um tanto quanto peculiar, com ruas tranquilas fora da alta temporada, mas com uma explosão de movimentação nos feriados e no verão.
Outro ponto que explica o crescimento dessas cidades “com mais imóveis do que gente” é a mudança demográfica, visto que o Brasil está envelhecendo e tem menos famílias numerosas.
Isso faz com que mais pessoas procurem unidades menores, enquanto muitas casas grandes acabam ficando ociosas, seja porque os herdeiros não querem morar nelas, seja porque não conseguem vender.
Há também o fator econômico. Em um contexto de juros altos e crédito mais restrito, muita gente adia o sonho do primeiro imóvel, enquanto investidores continuam comprando unidades para apostar no aluguel.
O resultado é um estoque crescente de propriedades nas mãos de poucos e um mercado que nem sempre acompanha o ritmo das necessidades da população.
O avanço do modelo de aluguel por temporada também ajudou a moldar esse cenário. Em cidades turísticas, é comum encontrar mais imóveis preparados para receber visitantes do que unidades ocupadas por moradores fixos.
Essa prática movimenta a economia local, mas também pode pressionar o preço dos aluguéis tradicionais e reduzir a oferta de moradia acessível.
Mesmo assim, os especialistas apontam que esse fenômeno é multifacetado e não pode ser explicado por um único fator, já que ele se trata de uma combinação de mudanças sociais, hábitos de consumo, dinâmica econômica e novos modelos de morar, tudo acontecendo ao mesmo tempo.
Imóveis e bem-estar: o que define prosperidade no Brasil

O que é prosperar para os brasileiros? Uma pesquisa do Datafolha, em parceria com o Sicredi, mostrou que prosperidade vai muito além do dinheiro, embora ele ainda seja um pilar importante para 39% dos entrevistados.
Segundo o estudo, prosperar envolve quatro dimensões: econômica, psicológica, espiritual e social.
Para muitos, bens materiais como casa própria, carro e negócio próprio continuam sendo símbolos fortes, mas qualidade de vida, boas relações e tempo com a família também pesam bastante.
Como o brasileiro se vê em relação à prosperidade
A maioria dos participantes afirma estar prosperando, mas com dificuldade. Pessoas mais velhas tendem a se sentir mais prósperas que os jovens, e mulheres têm percepção mais positiva do que os homens.
A pesquisa também mostrou que quem tem mais escolaridade costuma ser mais crítico com a própria trajetória, enquanto quem tem menos estudo demonstra mais otimismo sobre o futuro.
Para os brasileiros, a prosperidade nasce principalmente do esforço individual. O governo aparece como segundo agente impulsionador, enquanto instituições financeiras ainda são vistas como distantes, especialmente para a classe C.
Curiosamente, quem se considera mais próspero é justamente quem usa mais produtos financeiros.
No fim das contas, prosperidade combina bem-estar, capacidade de gerar renda, boas relações e a sensação de estar construindo um futuro melhor.
Holanda aposta em bairros flutuantes como ação contra enchentes
A Holanda, que já vive há séculos em uma batalha diária com as enchentes, está mostrando ao mundo que talvez o futuro das cidades esteja, literalmente, flutuando.
Tudo ganhou mais atenção depois de um episódio em 2022. Quando uma tempestade forte atingiu Amsterdã, os moradores de Schoonschip, um bairro flutuante super moderno, simplesmente subiram junto com a água.
Isso mesmo que você leu, as casas elevaram, desceram e voltaram ao normal sem susto.
A lógica é simples: com o aumento do nível do mar e cheias cada vez mais frequentes, moradias que se adaptam ao movimento da água acabam sendo uma solução prática e, no caso da Holanda, totalmente viável.
O país tem pouco espaço para construir e uma população grande, então a água acabou se tornando uma boa oportunidade.
Apesar da região estar liderando os testes de comunidades flutuantes nos últimos anos, essas ideias já chegaram a outros países como Noruega, França, Reino Unido, Polinésia Francesa e até nas Maldivas.
Por lá, o risco de desaparecimento por causa do aumento do nível do mar é real e preocupante.
Essas casas são diferentes das tradicionais casas-barco. Elas são fixas, conectadas à rede elétrica e de saneamento, e contam com um casco de concreto que garante estabilidade. Quando a água sobe, a casa sobe, e quando a água baixa, a casa desce. Simples assim.
Para cidades com pouco espaço disponível ou com risco de enchentes constantes, morar sobre a água virou um jeito real de expandir a oferta de moradia sem brigar com o clima.
Empresas holandesas especializadas nesse tipo de obra já construíram escolas, escritórios e bairros inteiros flutuantes.
Em Schoonschip, por exemplo, os moradores compartilham desde bicicletas, carros, energia solar e até compram alimentos juntos, resultando em um estilo de vida mais comunitário e sustentável.
Roterdã, cidade que fica quase toda abaixo do nível do mar, também abraçou a ideia e criou fazendas flutuantes, centros comerciais flutuantes e vários projetos ligados à estratégia de adaptação climática.
Arquitetos que trabalham com o tema defendem que, no futuro, milhões de pessoas poderão viver em construções assim. Não como exceção, mas como parte do planejamento urbano.
Bairro fora da Ilha lidera valorização do aluguel em Florianópolis
Seguindo a tendência nacional, o aluguel em Florianópolis ficou mais caro este ano. No entanto, curiosamente, o bairro que mais valorizou não fica na Ilha e nem tem praia à vista.
A região continental da cidade roubou a cena, com alta de 6% no preço médio do metro quadrado, que chegou a R$50,33.
O levantamento analisou mais de 7,7 mil anúncios ativos na capital catarinense e mostrou como diferentes regiões têm comportamentos bem distintos.
No total, 11 bairros ficaram acima da média de valorização, misturando áreas nobres, zonas universitárias e destinos turísticos. Já outros 10 apresentaram estabilidade ou até queda nos preços.
A comparação foi feita de janeiro a março e agosto a outubro.
Entre os bairros que mais se destacaram, o Abraão, no Continente, lidera com valorização de 27%. A região, conhecida por ser tranquila e bem urbanizada, se tornou uma das queridinhas de quem busca praticidade fora da Ilha.
Também apresentaram altas relevantes:
- Jurerê: +24%, preço médio de R$ 9.179
- Agronômica: +21%, R$ 6.916
- Trindade: +20%, R$ 3.733
- Ingleses: +18%, R$ 3.643
- Jurerê Internacional: +15%, R$ 18.830
Praias em baixa
Enquanto alguns bairros dispararam, outros tradicionais, especialmente os favoritos dos turistas no verão, registraram queda:
- Canasvieiras: –17%, preço médio de R$ 3.149
- Pantanal: –6%, R$ 3.391
- Campeche Central: –2%, R$ 6.383
- Lagoa Pequena: –6%, R$ 7.216
- Canto: –6%, R$ 4.507
O comportamento reforça a sensibilidade do mercado local às dinâmicas sazonais e ao equilíbrio entre oferta e demanda.
Em cidades turísticas como Florianópolis, esses movimentos podem mudar rapidamente, e para quem trabalha no mercado imobiliário, acompanhar de perto as tendências é essencial para aproveitar boas oportunidades.
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