O que é Taxa Referencial e como ela impacta o financiamento?

Imagem de corretores imobiliárias se reunindo para falar sobre a Taxa Referencial em uma sala de reuniões.

Se você trabalha com imóveis, sabe que todo detalhe conta na hora de fechar um bom negócio, e entender os indicadores financeiros faz parte disso. 

Entre os termos que frequentemente surgem em contratos de financiamento imobiliário, um merece atenção especial: a Taxa Referencial.

Mas afinal, o que é essa taxa e por que ela ainda aparece em contratos e simulações de crédito imobiliário, mesmo depois de tantos anos de mudanças no mercado financeiro?

Criada no início dos anos 90 como um instrumento de combate à inflação, a TR foi perdendo protagonismo ao longo do tempo. 

Ainda assim, continua sendo usada como indexador em diversas operações, principalmente nos financiamentos habitacionais do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) e no rendimento do FGTS

Isso significa que, mesmo com valores baixos (ou até zerados, como ocorre atualmente), ela ainda influencia diretamente a vida de quem compra, financia ou investe em imóveis no Brasil.

Neste artigo, vamos explicar de forma clara e objetiva o que é a Taxa Referencial, como ela funciona, para que serve, qual a diferença dela para outros índices e por que ela ainda importa para o mercado imobiliário.

Assuntos que você irá encontrar: 

O que é Taxa Referencial?

A Taxa Referencial, ou simplesmente TR, foi criada em 1991 como um indicador econômico para servir de referência em diversas operações financeiras. 

Durante muito tempo, ela teve papel fundamental no controle da inflação e no rendimento de aplicações como a caderneta de poupança. 

Atualmente, a TR é usada principalmente no cálculo de financiamentos habitacionais, como os contratos atrelados ao Sistema Financeiro da Habitação (SFH).

Embora esteja próxima de zero há anos, a TR ainda é um índice presente em contratos antigos e continua influenciando os cálculos da correção monetária de diversos ativos financeiros.

Como é calculada a TR?

O cálculo da TR leva em consideração a média dos juros pagos por CDBs prefixados emitidos pelos bancos, além de um redutor determinado pelo Banco Central. 

Esse redutor tem o papel de fazer com que a TR se mantenha baixa, especialmente em contextos de inflação controlada.

A fórmula para calcular a Taxa Referencial é definida pelo BC e envolve alguns componentes técnicos. 

Ela se baseia na média ponderada das taxas de juros pagas pelas Letras do Tesouro Nacional (LTN) e incorpora um redutor.

Fórmula da TR

TR=[(1+TBF1+R​)−1]×100

Onde:

TBF = Taxa Básica Financeira (é a média ponderada das taxas das LTNs);

R = Redutor, definido periodicamente pelo Banco Central (atualmente alto o suficiente para fazer a TR ser 0%);

TR = Taxa Referencial mensal.

💡
Desde 2017, a TR tem sido praticamente zerada, por causa da política de manter o redutor alto o suficiente para anular a variação. Mesmo assim, ela continua sendo usada em financiamentos imobiliários com correção pela TR + juros fixos, como no SFH.

Qual a função da Taxa Referencial nos financiamentos imobiliários?

A TR é usada como indexador de diversos contratos de financiamento habitacional. Ou seja, ela corrige o saldo devedor dos financiamentos, sendo somada aos juros definidos no contrato.

Por exemplo: se um contrato tem juros de 8% ao ano + TR, e a TR está zerada, o consumidor pagará apenas os 8%. Se a TR subir, ela será somada ao percentual.

Por que isso importa?

Mesmo que a TR esteja zerada agora, mudanças no cenário econômico podem impactar diretamente o custo total do financiamento a longo prazo. 

E quem está comprando um imóvel financiado precisa estar atento a isso.

O que é TR na poupança?

Imagem lúdica para exemplificar a ação da TR na poupança.

A TR na poupança é um dos componentes que formam a rentabilidade da caderneta de poupança no Brasil

Desde 2012, a remuneração da poupança passou a seguir uma regra atrelada à Taxa Selic e à Taxa Referencial, fazendo com que a TR continue sendo um fator importante, mesmo com seu valor zerado atualmente.

Como a TR influencia a poupança?

A rentabilidade da poupança é calculada de duas formas, dependendo do valor da Selic:

  • Quando a Selic está acima de 8,5% ao ano:
    A poupança rende 0,5% ao mês + TR
  • Quando a Selic está igual ou abaixo de 8,5% ao ano:
    A poupança rende 70% da Selic + TR

Diferença entre TR, IPCA e IGP-M

Mesmo para quem lida com o mercado imobiliário diariamente, na hora de entender os índices que afetam contratos de financiamento e reajustes de aluguel, é comum surgir a dúvida de qual a diferença entre TR, IPCA e IGP-M.

Apesar de todos serem usados como índices de correção monetária, cada um tem uma finalidade específica e impacto diferente no mercado imobiliário.

IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo)

Calculado pelo IBGE, o IPCA é o índice oficial da inflação no Brasil. Ele mede a variação de preços de uma cesta de produtos e serviços consumidos pelas famílias e é amplamente utilizado em contratos de aluguel, reajuste de salários e planejamento econômico.

IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado)

O IGP-M, calculado pela FGV, é conhecido como o “inflação do aluguel”, pois historicamente tem sido o índice mais utilizado no reajuste de contratos de locação. 

Ele é composto por três indicadores: IPA (preços no atacado), IPC (consumo) e INCC (custos da construção) e por isso, costuma ter uma variação mais ampla e volátil.

Confira abaixo uma tabela comparativa dos 3 indicadores:

Índice Finalidade principal Base de cálculo Aplicação mais comum Variação média recente
TR Correção de contratos e poupança Taxas médias de CDBs e TBF Financiamentos imobiliários, caderneta de poupança Zerada ou próxima de zero
IPCA Medir a inflação oficial Cesta de consumo das famílias Reajuste de aluguéis, contratos públicos e privados 4% a 6% ao ano
IGP-M Medir a inflação ampla da economia Atacado + consumo + construção civil Reajuste de aluguéis e contratos de longo prazo Pode passar de 20% (como em 2021)

Vale a pena escolher um financiamento com TR hoje?

Na hora de escolher um financiamento imobiliário, a taxa utilizada para correção do saldo devedor faz toda a diferença no valor final pago pelo comprador

E a Taxa Referencial, mesmo zerada há anos, continua sendo uma das opções mais comuns nos contratos de crédito habitacional, especialmente nos oferecidos pela Caixa Econômica Federal.

Mas será que ainda vale a pena optar por um financiamento com TR em 2025? A resposta depende de alguns fatores.

Hoje, a TR segue zerada ou próxima de zero, o que torna esse tipo de financiamento atrativo em termos de previsibilidade e estabilidade no longo prazo

Por isso, financiamentos com TR e juros fixos acabam sendo vantajosos em cenários de inflação alta ou instabilidade econômica, pois protegem o comprador de variações bruscas nos índices de inflação como o IPCA ou o IGP-M.

Além disso, programas como o Minha Casa, Minha Vida utilizam majoritariamente esse índice como base de correção, o que amplia o acesso à moradia com parcelas mais suaves.

Por outro lado, quem opta por índices como o IPCA pode encontrar taxas de juros mais baixas no início, mas com risco maior de aumento no valor das prestações ao longo do tempo, já que o IPCA é um índice mais volátil.

Em resumo, escolher um financiamento atrelado à TR pode ser uma boa alternativa para quem busca estabilidade nas parcelas e quer evitar surpresas no orçamento. 

No entanto, é fundamental comparar simulações, prazos, taxas e entender o perfil do comprador, principalmente quando se trata de orientar clientes durante a jornada de compra de um imóvel.

Se você é corretor ou gestor, vale a pena ter essas comparações na ponta da língua para ajudar seus clientes a tomar a melhor decisão.

Qual o valor da TR hoje?

Para quem lida com financiamentos imobiliários, saber qual o valor da TR hoje é essencial, afinal, esse índice pode impactar o saldo devedor ou o rendimento de contratos como FGTS ou poupança.

Para isso, é necessário levar em consideração a TR mensal e a TR diária. 

TR mensal

Em julho de 2025, a Taxa Referencial está em 0,1758%, resultado do fechamento do mês anterior. 

Desde o início do ano até julho, a TR acumulada soma 1,1015%, enquanto a variação nos últimos 12 meses chega a 1,49%.

TR diária

A TR também é divulgada diariamente. No dia 10 de julho de 2025, por exemplo, foi registrada em 0,1742%

Esses números servem para cálculos de correção monetária em períodos inferiores a 30 dias, comuns em resgates ou ajustes financeiros pontuais.

Entender o que é Taxa Referencial vai além de uma curiosidade econômica, ela é uma ferramenta estratégica para quem atua no mercado imobiliário

Seja para calcular o financiamento, avaliar o rendimento da poupança ou orientar um cliente, conhecer o impacto da TR nas decisões financeiras pode fazer toda a diferença.

E se você quer aprender ainda mais sobre índices imobiliários, não deixe de conferir o artigo de índices e taxas imobiliárias para entender como cada indicador influencia nas negociações, contratos e decisões de compra e venda de imóveis.

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