Os indicadores econômicos são elementos essenciais para o pleno funcionamento de diversos setores do país. No entanto, poucos são tão importantes e decisivos quanto o IPCA, principal termômetro da inflação no Brasil.
Aqui no blog Jetimob, nós já trouxemos uma série de artigos que explicam alguns dos principais índices econômicos do Brasil e qual a relação de cada um deles com o mercado imobiliário.
Falamos sobre a Selic, taxa básica de juros, sobre o IGP-M, inflação do aluguel e até mesmo sobre o INCC, que avalia os custos da construção civil.
Dessa vez, chegou a hora de explicar tudo sobre o indicador oficial da inflação no país, o IPCA.
O que é IPCA
IPCA é a sigla para Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo. Ele é atualizado todos os meses pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O IPCA mede a variação de preços dos produtos e serviços que compõem a rotina de gastos de toda a população brasileira que possui renda de 1 a 40 salários mínimos.
Desde 1979, o IBGE utiliza o IPCA para avaliar o poder de compra da moeda brasileira. Além disso, no início dos anos 2000, o Banco Central do Brasil (BCB) passou a adotar o IPCA como índice oficial de controle da inflação e deflação.
Como o IPCA é calculado?
Ainda que o resultado seja atualizado mensalmente, o IBGE realiza a pesquisa de preços diariamente, ou seja, do 1º ao 30º ou 31º dia de cada mês. O levantamento é feito com dados de estabelecimentos comerciais, concessionárias de serviços públicos, domicílios e prestadores de serviços.
Os produtos e serviços levados em conta na análise são divididos em 9 grupos, sendo eles:
- Alimentação e bebidas
- Habitação
- Saúde e cuidados pessoais
- Artigos de residência
- Transportes
- Comunicação
- Despesas pessoais
- Vestuário
- Educação
Para ilustrar, confira abaixo a tabela de peso mensal utilizada como referência para o mês de julho de 2023.
Categoria | Peso(%) |
Vestuário | -0,24% |
Alimentação e bebidas | -0,46% |
Artigos de residência | 0,04% |
Transportes | 1,50% |
Habitação | -1,01% |
Educação | 0,13% |
Saúde e cuidados pessoais | 0,26% |
Atualmente, a coleta de dados pelo IBGE é feita em 16 cidades do Brasil, que são:
- São Paulo
- Rio de Janeiro
- Salvador
- Belo Horizonte
- Brasília
- Recife
- Fortaleza
- Belém
- Porto Alegre
- Campo Grande
- VItória
- Aracaju
- Curitiba
- Goiânia
- Rio Branco
- São Luís
Todavia, assim como os grupos de produtos e serviços, cada região possui um peso diferente no cálculo do IPCA.
Confira na tabela abaixo a atual estrutura de pesos regionais adotada pelo IBGE:
CIDADE | PESO(%) |
São Paulo | 32,3% |
Rio de Janeiro | 9,4% |
Salvador | 6,0% |
Belo Horizonte | 9,7% |
Brasília | 4,06% |
Recife | 3,9% |
Fortaleza | 3,2% |
Belém | 3,9% |
Porto Alegre | 8,6% |
Campo Grande | 1,6% |
Vitória | 1,9% |
Aracaju | 1,0% |
Curitiba | 8,1% |
Goiânia | 4,2% |
Rio Branco | 0,5% |
São Luís | 1,6% |
Toda essa metodologia de ponderação aplicada pelo IBGE é feita com base na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF).
Essa pesquisa é realizada periodicamente pelo instituto para entender a composição e as mudanças dos hábitos de consumo da população brasileira. Sua última edição foi realizada entre os anos de 2017 e 2018.
Para que serve o IPCA?
Ao longo deste texto, você vai entender que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo tem inúmeras funções em diversos setores da economia do país. No entanto, a sua principal utilidade é, sem dúvidas, representar o índice da inflação.
Com certeza você já ouviu falar nos noticiários sobre a alta da inflação. Em outras palavras, isso significa que houve um aumento no IPCA.
Com o seu monitoramento é possível entender as oscilações da inflação ao longo dos meses e se certificar que ela não ultrapasse a meta estipulada para o ano.
E é nesse ponto que nós precisamos falar sobre a Taxa Selic.
Qual a relação entre IPCA e a Taxa Selic?
Se você leu o nosso último artigo atualizado sobre a Taxa Selic, já sabe que ela é a taxa básica de juros da economia.
É através dela que o Copom (Comitê de Política Monetária), órgão do Banco Central, garante que a inflação vai se manter na meta definida para o ano.
Como ocorre o controle da inflação?
Por ser o principal indicador de referência para as taxas de juros, a Taxa Selic tem papel fundamental como reguladora da inflação.
Quando o IPCA aponta para uma alta excessiva da inflação, o Copom reajusta a Taxa Selic para cima. Dessa forma, as taxas de juros ficam mais altas, dificultando empréstimos, financiamentos e freando o consumo da população.
Com a diminuição da demanda, os preços tendem a cair e, consequentemente, ocorre a deflação.
Do mesmo modo, a partir do momento que a inflação atinge um patamar mais seguro, o Banco Central reduz a Taxa Selic para estimular o consumo e aquecer a economia.
IPCA ou IGP-M nos contratos de aluguel?
Historicamente, o IGP-M (Índice Geral de Preços Mercado) sempre foi o indicador de referência mais adotado nos contratos de aluguel.
Entretanto, com os efeitos avassaladores da pandemia de Covid-19 na economia brasileira, o IGP-M disparou de maneira incontrolável. Por exemplo, entre fevereiro de 2020 e fevereiro de 2021, o IGP-M se aproximou da marca histórica de 30%.
Com isso, tanto os locadores, quanto os locatários tiveram muitas dificuldades para chegar a um acordo sobre o reajuste dos aluguéis.
Essa escalada do IGP-M também levou grandes empresas do mercado imobiliário a adotarem o IPCA como referência nos seus contratos de aluguel.
Isso porque, além de manter um percentual mais justo em comparação ao IGP-M, o IPCA ilustra melhor os hábitos de consumo da população.
Qual é o IPCA hoje?
De acordo com a última atualização do IBGE, com relação ao mês de julho de 2023, o valor do IPCA hoje está em +0,12%.