Banco Central mantém Selic a 15% e reafirma estabilidade prolongada

Imagem da fachada do Banco Central, em Brasília.

Com a Taxa Selic mantida em 15% pelo Banco Central, o cenário econômico brasileiro segue em ritmo de cautela. 

A decisão do Copom indica que a taxa de juros deve permanecer elevada por um período prolongado, reforçando a estabilidade e o controle da inflação, que a instituição projeta em 3,4% até o primeiro trimestre de 2027. 

Para quem acompanha o mercado imobiliário, isso significa que financiamentos e investimentos precisam ser planejados com atenção, já que a política monetária continua firme, sem sinais de cortes imediatos. 

Neste artigo, vamos detalhar os impactos dessa decisão e como ela afeta o setor imobiliário, os aluguéis e as expectativas do mercado.

Assuntos que você irá encontrar: 

Entenda como a reforma tributária vai afetar o mercado de aluguéis

Em janeiro de 2027, a reforma tributária deve trazer novas regras para quem possui imóveis para aluguel ou revenda. 

A mudança vai exigir que as pessoas físicas se adaptem a um novo cenário fiscal. 

De acordo com informações divulgadas pelo Estadão, o texto aprovado estabelece regras claras para determinar quando a atividade imobiliária deixa de ser ocasional e passa a ser considerada uma atividade econômica.

A principal mudança está na criação de um limite objetivo para os proprietários de imóveis. 

Ou seja, não será mais suficiente ter um único apartamento alugado. Agora, será preciso ultrapassar certos limites de valor e quantidade para ser enquadrado como contribuinte do novo imposto sobre consumo

Portanto, quem ganhar mais de R$240 mil por ano em aluguéis, envolvendo pelo menos quatro imóveis diferentes, ou quem vender mais de três unidades no mesmo ano, passará a pagar IBS e CBS.

Além disso, se o contribuinte ultrapassar em 20% o limite anual, já estará sujeito à tributação no mesmo ano. Isso significa que os pequenos proprietários podem ficar de fora, mas quem atua em maior escala vai ter que recolher os impostos.

Outro ponto importante da reforma é a criação do CIB, o “CPF dos imóveis”, que visa unificar cadastros e garantir mais transparência. 

A ideia é que as prefeituras tenham um banco de dados mais atualizado para revisar valores de IPTU que estão defasados. 

Mas como nem tudo é só aumento de impostos, a reforma também prevê alíquotas menores para o setor imobiliário e alguns benefícios para quem está no mercado de aluguéis e vendas. 

Por exemplo, há um abatimento de R$600 mensais para locações residenciais e um desconto de R$100 mil na venda de imóveis novos. 

Condomínio caro é o maior obstáculo para a compra de imóveis no país

Se antes o preço do imóvel era o maior impeditivo para a compra, hoje em dia o condomínio caro tem se mostrado um dos maiores obstáculos para quem quer comprar ou alugar imóveis no Brasil, principalmente entre as famílias de classe média. 

Mesmo com o financiamento aprovado, muitos não conseguem arcar com as despesas mensais de manutenção.

De acordo com um levantamento da startup UCDO, em 2024, a taxa condominial média no Brasil era de R$634,24, ou seja, quase 45% do salário mínimo

Esse custo crescente, que já ultrapassa a inflação há anos, tem dificultado a venda de imóveis e afastado os potenciais compradores.

Os custos com o condomínio são pressionados por despesas obrigatórias, como folha de pagamento, energia elétrica, água, manutenção predial e obras emergenciais. 

Imóveis com infraestrutura completa, como academias, piscinas e áreas de lazer, naturalmente geram taxas mais altas.

Mas a gestão condominial também faz toda a diferença. Quando as previsões orçamentárias são mal feitas, os contratos não são renegociados e a inadimplência não é gerida de forma eficiente, o aumento dos custos se torna nebuloso. 

Isso diminui a confiança dos moradores e acentua a percepção de que as taxas de condomínio são insustentáveis

O impacto no mercado imobiliário

Assim como o preço do imóvel tem se distanciado da renda da população, a disparidade entre o perfil de renda dos compradores e o valor do condomínio também está crescendo - e esse desequilíbrio impacta diretamente a liquidez dos imóveis.

Na prática, apartamentos em condomínios com valores maiores ficam mais tempo encalhados no mercado, pois os compradores percebem que a conta não fecha. 

No aluguel, os valores precisam ser reduzidos para compensar a taxa, enquanto, na venda, o imóvel tende a se desvalorizar, já que o comprador embute o custo do condomínio na sua decisão.

O preço do condomínio se tornou um obstáculo tão grande quanto - ou até maior que - o próprio preço do imóvel. 

Para muitas famílias de renda média, a taxa de condomínio pode representar quase metade do orçamento destinado à moradia, inviabilizando negócios que, à primeira vista, pareciam acessíveis.

Retomada de imóveis cai para menor nível desde 2022

Imagem de um corretor de imóveis entregando as chaves para o seu cliente.

No início de 2025, a Caixa Econômica Federal reintegrou 8.762 imóveis, uma queda de 33,4% em relação ao mesmo período de 2024, refletindo uma redução da inadimplência dos contratos. 

Esse número é o mais baixo para o primeiro trimestre desde 2022 e interrompe uma sequência de altas no número de retomadas. 

O valor total dos imóveis reintegrados foi de R$1,15 bilhão, uma queda de 25,8% comparado ao mesmo período de 2024.

A taxa de desemprego no Brasil, que está em seu menor patamar histórico, e a evolução dos ganhos médios das famílias, têm sido os principais fatores que explicam a queda nas retomadas de imóveis. 

Esse cenário é reflexo do mercado de trabalho aquecido e das renegociações com os bancos. Em outras palavras, as famílias estão conseguindo se reorganizar financeiramente, o que impacta diretamente o número de imóveis retomados pela Caixa.

O que isso significa para o setor imobiliário?

O índice de inadimplência caiu para 1,19% no ano de 2024, e, embora tenha aumentado para 1,42% no primeiro trimestre de 2025, o impacto nas recuperações não é imediato. 

A maior parte das retomadas ocorre após longos períodos de inadimplência. Mesmo com os juros mais altos, a taxa Selic não influencia os pagamentos dos contratos já firmados, já que quem contrata normalmente se planeja financeiramente.

Embora os juros mais altos tenham afetado novos financiamentos imobiliários, os contratos antigos não são impactados. 

A instituição também viu uma queda na quantidade de contratos imobiliários firmados, com uma redução de 10,4% no primeiro trimestre de 2025 em comparação ao ano anterior. 

No entanto, a carteira de crédito imobiliário do banco cresceu 12,7%, o aumento mais baixo desde 2022.

Como funciona o processo de retomada?

O processo de retomada de imóveis segue algumas etapas estabelecidas pela Lei 9.514/97

O banco pode notificar o inadimplente após 15 dias de atraso, mas muitos bancos adotam um intervalo de tolerância de até três parcelas em atraso antes de formalizar a notificação extrajudicial. 

O prazo para a quitação total da dívida varia de 30 a 45 dias, após o qual o imóvel pode ser transferido para leilão. Em alguns casos, o processo é mais demorado, especialmente em casos judiciais.

Aluguéis disparam no interior; destaque vai para cidade no RS

Embora cidades como São Paulo e Rio de Janeiro sejam conhecidas pelos aluguéis elevados, o aumento nos preços de locação tem ocorrido em lugares inesperados, bem longe das grandes capitais. 

De acordo com uma pesquisa recente, o mercado imobiliário tem se espalhado pelo Brasil, e não é mais uma exclusividade dos grandes centros urbanos.

Capão da Canoa, no Rio Grande do Sul, por exemplo, se destacou com uma alta impressionante de 262% no aluguel

Além disso, bairros fora dos centros da cidade, também se destacaram pelo aumento nos aluguéis. Boa Vista, em Curitiba, teve aumento de 188%, e Tristeza, em Porto Alegre, subiu 112%. 

O estudo analisou mais de 1,2 milhão de anúncios de janeiro a agosto de 2025.

Os bairros mais caros, como Jardim Europa em São Paulo, continuam a liderar a lista de aluguéis mais altos, com um valor médio de R$26.062. Jurerê, em Florianópolis, e Morumbi, em São Paulo, também seguem entre os mais caros do país. 

Contudo, bairros mais acessíveis, com boa infraestrutura e proximidade de transportes, estão vivendo um boom no valor do aluguel, com a vantagem de oferecer um bom custo-benefício para quem não quer comprometer o orçamento.

Confira o ranking completo dos bairros com maior valorização: 

UF Cidade Bairro Preço médio aluguel (R$) - ago +% preço (jan-ago) Área média (m²) - ago
RS Capão da Canoa Centro 2.156,76 262% 74,35
PR Curitiba Boa Vista 8.187,43 188% 110,90
RS Porto Alegre Tristeza 5.313,53 112% 164,41
PR Curitiba Campo Comprido 7.379,24 95% 129,02
SP Santana de Parnaíba Res. Três (Tamboré) 17.999,44 85% 246,85
SC Palhoça Pagani 4.254,11 84% 102,87
SC Florianópolis Jurerê 19.980,05 84% 331,13
RS Porto Alegre Bela Vista 8.951,23 82% 170,49
RS Caxias do Sul Centro 3.050,00 78% 106,21
SP Sorocaba Centro 3.610,30 76% 128,36
SP São Paulo Grajaú 3.484,94 74% 131,32
SP São Paulo Jardim Marajoara 6.555,01 66% 150,01
SP Campinas Jd. Eulina 4.984,03 65% 167,79
RJ Rio de Janeiro Laranjeiras 5.901,43 64% 135,36
PR Curitiba Rebouças 3.117,26 63% 73,09
SP Campinas Unicamp 3.971,77 63% 124,04
RJ Niterói Icaraí 5.031,35 61% 126,50
RJ Rio de Janeiro Flamengo 7.585,37 59% 157,94
MG Nova Lima Alphaville - Lagoa dos Ingleses 10.387,04 58% 283,61
SC Itajaí Praia Brava 10.527,79 58% 108,81

Banco Central mantém Selic a 15% e reafirma estabilidade prolongada

O Banco Central decidiu, na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada na última quarta-feira (16), manter a taxa Selic em 15% ao ano, seguindo a mesma posição adotada em julho. 

A medida foi aprovada por unanimidade pela diretoria do BC e reflete um cenário econômico de cautela, com o objetivo de assegurar a convergência da inflação para a meta de 3% até o primeiro trimestre de 2027. 

O Banco Central, em sua comunicação, indicou que não há espaço para cortes de juros em breve, com a perspectiva de manutenção da taxa por um período prolongado.

A decisão, amplamente antecipada pelo mercado, reforça que a taxa de juros deve se manter alta por mais tempo, o que afasta a possibilidade de redução ainda em 2025

Enquanto a inflação começou a apresentar sinais de desaceleração, o BC continua monitorando de perto a atividade econômica e o mercado de trabalho. 

A expectativa para o IPCA para os próximos anos é que a inflação se mantenha dentro da meta, com a projeção de 3,4% para o primeiro trimestre de 2027. 

O Copom não fez menção a uma possível flexibilização da política monetária, o que fez os analistas financeiros reverem suas expectativas quanto aos cortes de juros. 

De acordo com especialistas, a redução na Selic só deverá acontecer, caso as condições de inflação e crescimento melhorem substancialmente.

Agora, com o cenário de juros elevados e uma política monetária rigorosa, a perspectiva do BC é que o país precisa de mais tempo para consolidar a estabilidade econômica e inflação dentro das metas, sem pressa para cortar os juros. 

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